De aventais brancos, toucas nos cabelos, mãos higienizadas e com a teoria na cabeça, alunos de 14 a 16 anos, do curso gratuito de Aprendizagem Industrial Padeiro Confeiteiro, do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) "Mário Dedini", passaram por mais uma prova. Eles se preparam para um mercado em franca expansão.O setor de panificação brasileiro registrou um crescimento de 12,61% nas vendas em 2009, segundo levantamento do Programa de Apoio à Panificação (Propan). Produtos de fabricação própria e relacionados ao foodservice foram os que mais se destacaram. O aumento na lucratividade possibilitou a geração de mais de 30 mil novos postos de trabalho. O faturamento do setor chegou a R$ 49,52 bilhões, contra R$ 43,98 bilhões em 2008, afirma o Propan. Destaques ainda para o aumento no número de frequentadores das lojas, passando de 40,42 milhões de pessoas em 2008 para 41,11 milhões em 2009, aumento de 1,70%.O desenvolvimento do setor é sentido também no Senai Mário Dedini, em Piracicaba: "O curso de aprendizagem para adolescentes está no segundo semestre. Dos 32 alunos matriculados, quatro, de imediato, foram inseridos no mercado de trabalho", afirma José Roberto das Neves engenheiro de alimentos e instrutor de panificação e confeitaria.
MULHERES. Outro dado que chama a atenção é que 75% dos matriculados são mulheres, que buscam aprimorar seus trabalho ou ingressar na profissão. "Existe uma grande ascendência para mulheres que atuam nessa área. Elas são mais delicadas e habilidosas e preferidas pelos contratantes, mas isso não é uma regra", relata Neves.A jovem de 16 anos, Marina Costa da Silva, comemora a conquista do primeiro emprego. "Após uma semana de curso, uma empresa da área de salgados entrou em contato com o Senai. Passei por uns testes e conquistei uma das vagas disponíveis", diz ela.Até junho, o mercado deve receber cerca de 230 novos formandos nos cursos voltados à área de alimentação. É o que revela Humberto Aparecido Marim, coordenador técnico do Senai “Mário Dedini”."O curso de aprendizagem industrial padeiro-confeiteiro teve 64 matriculados; confeiteiro, 96; padeiro, 60; panificação-confeitaria, 20; bolos e salgados, 15; salgadeiros, 13; decoração de bolos, 13; massas folhadas e semifolhadas, 13; e bolo confeitado, 16."O piso de um confeiteiro em Piracicaba, revela Marim, é de R$ 728, mais horas extras. “Profissionais bons e mais experientes chegam a ganhar de R$ 1.500 a R$ 2.000.”
CRESCIMENTO. Hoje as padarias vão além de fabricar pães artesanais, biscoitos, bolos e outras guloseimas. Se transformaram em centros de convivência, gastronomia e serviços. Oferecem café da manhã, almoço, jantar, serviço de buffet, e outras demandas. Para Érica Braz, 29, gerente da panificadora Rivana I, o setor não para de crescer e se profissionalizar. "Estamos sempre aumentando as oportunidades de vendas, investindo em novidades e aprimorando os serviços.”Ela conta ser importante manter contato constante com entidades como Senai e Sebrae, para garantir a reciclagem e capacitação da equipe.“Hoje não existe mais o conceito de balconistas. Os funcionários são treinados para circular nas lojas, orientar, servir e apresentar os produtos aos clientes, que estão cada dia mais exigentes”, relata Érica.Brasil tem 63,2 mil panificadorasDados do estudo "Perspectivas para a Panificação e Confeitaria 2009/2017", realizado pelo Sebrae e a Abip, indicam que o mercado brasileiro é composto por, aproximadamente, 63,2 mil panificadoras. A panificação está entre os seis maiores segmentos industriais do País, com participação de 36% na indústria de produtos alimentares e 6% na indústria de transformação.De acordo com a Abip, 66% dos brasileiros consomem pão no café da manhã e 98% da população são consumidores de produtos afins. Dos pães consumidos, 86% são artesanais, correspondendo 52% ao pão francês. Quase metade do faturamento das panificadoras (48%) provém da produção própria, da qual 25% correspondem ao pão francês e 75% aos demais produtos.
NÚMERO30 mil postos de trabalho foram criados no Brasil em 2009