quarta-feira, 2 de junho de 2010

Pão é apenas um detalhe nas padarias



Para os freqüentadores de padarias, sair só com um pão quentinho fica cada vez mais raro. O negócio, que está ganhando cara de mercearia, lanchonete e até restaurante, incorpora, dia a dia produtos essenciais para o cliente. Hoje, eles têm como tendência, investir nas comidas rápidas, que, somado ao aumento do consumo de produtos de fabricação própria, rendeu para o setor, no ano passado, crescimento de 13,07% somente em Minas Gerais, acima da média nacional de 12,61%. O fluxo de clientes teve alta de 2,7% no estado, que concentra o maior número de padarias do país, 14,6 mil no total. Somente na Grande BH, a Associação Mineira de Indústria de Panificação (Amipião) calcula a existência de 2 mil estabelecimento.

Welson Ladeira Senna, que é proprietário da Panecito, localizada no Bairro Barroca (Região Oeste da capital), está de olho no crescimento da demanda por produtos de consumo imediato. Ele acaba de iniciar a oferta de mais um serviço, o almoço. “Começamos a servir no início deste mês como um teste e de repente me vi vendendo 100 pratos por dia. Não sabia que faria tanto sucesso”, diz ele, surpreso com o resultado. O novo chamariz para a clientela veio a se somar à área de lanchonete, pizzaria, adega e congelados, que já havia incorporado na última ampliação, há 3 anos.

Tendo bons resultados dos novos negócios, a área de 210 metros quadrados ficou pequena e Welson já tem planos de uma nova reforma para dar mais conforto aos clientes. “E ainda temos um projeto para transformar o almoço, que hoje é como prato feito, com preço fixo de R$ 6,50, em um bufê”, planeja. Pretende também utilizar os fundos da padaria para criar um “beco do franco”, uma área em que irão vender frango assado, além dos acompanhamentos, como farofa e bata assada.

Os que imaginavam que os restaurantes no estilo gourmet seriam responsáveis pelo extermínio das panificadoras, se enganaram. “Houve um tempo em que chegamos a ficar preocupados com essa tendência, mas hoje são as grandes redes que ficam atentas a nós e estão nos imitando com essas áreas gourmets”, avalia Welson, que também é vice-presidente da Amipão. Quanto à concentração do setor na mão das grandes, Welson admite que é uma realidade. “Acredito que exista uma tendência de concentração do mercado no setor”, observa.

O proprietário da rede de padarias e supermercados Roma, José Luiz de Oliveira, está expandindo os negócios. Já chegou a comprar uma padaria pequena e agora está comprando outra para abrir mais uma unidade. Em base em que só a padaria representa 30% dos negócios (mesmo percentual dos serviços de comida pronta), hoje ele garante que não cogita abrir nenhuma padaria sem levar serviços como pizzaria, restaurante e café da manhã nos fins de semana. Ainda cogita ter um lucro de 40% na área de conveniência, como as vendas de bebidas, por exemplo.

A Padaria Colombina, no Bairro Floresta, Região Leste de BH, passou por uma reforma e diversificou seus serviços. O proprietário Danilo Procópio Guerra investiu R$ 500 mil. E ainda implantou neste novo espaço investido, comida japonesa, pizzaria, confeitaria, bufê de café da manhã, rotisseria – comercialização de comida pronta – e uma nova adega. Segundo Danilo Guerra, esta é a terceira reforma da padaria de 10 anos, e a principal razão da ampliação foi a necessidade de oferecer aos clientes uma maior variedade de produtos e serviços.

“Primeiro surgiu uma demanda por pizzas. Antes de ampliar o espaço da padaria, instalamos um forno pequeno e não foi suficiente. No novo espaço, temos um forno bem maior para produção de pizzas e ainda foi preciso contratar três pizzaiolos para dar conta do forte ritmo de atendimento”, explica. A adega da Padaria Colombina também cresceu e agora tem capacidade para 2 mil garrafas, 10 vezes mais que a primeira, e há uma variedade de 200 marcas de vinho.


Danilo Guerra, proprietário da Colombina, percebeu ainda que o cliente preza por produtos de fabricação própria, feitos na hora, seja para levar para casa ou para consumir no local
“Por isso a implantação da comida japonesa, além do café da manhã oferecido todos os dias da semana, e a rotisseria, nos fins de semana, com carnes, risotos e massas prontas.” Com o novo espaço, o faturamento da padaria cresceu 35% e as vendas dos novos produtos superaram a expectativa. “O novo espaço tem apenas dois meses e as vendas foram 50% maiores que o esperado.”